Meio a sério, meio a brincar, há quem diga que quando ouve Antony cantar fica com vontade de cortar os pulsos.
Não é, definitivamente, caso para tão desesperado acto, mas Antony tem, de facto, uma voz que puxa sobremaneira para o lado do trágico. Um trágico abismal em que pouco demoramos a mergulhar, sem grandes resistências, diga-se de passagem.
Os dois únicos álbuns desta figura exótica, dilacerada por ambiguidades de natureza sexual, foram uma das melhores descobertas melómanas de 2005. Chegaram por mão amiga, estava já 2006 à vista. E conquistaram aqui a casa num fósforo de uma lareira.
Estilo? Recorro à ajuda do All Music Guide: pop de câmara, cabaret. Com Lou Reed e Rufus à mistura, no belíssimo I'm a bird now.
Antony and the Johnsons: um nome a fixar, seguir e ouvir. Mais vale tarde que nunca...