A Caminho de Guantánamo era um DVD que o Pai Natal, em jeito de puxão de orelhas a cidadãos mal informados, nuns casos, pessimamente formados, noutros casos, deveria pôr no sapatinho de George W. Bush, Tony Blair, Donald Rumsfeld, Dick Cheney, Paul Wolfowitz, Paulo Portas, José Manuel Fernandes, José María Aznar, Durão Barroso, Pacheco Pereira, João Carlos Espada e no do mais distraído colunista de toda a história da imprensa portuguesa: Luís Delgado.
dezembro 24, 2006
dezembro 15, 2006
Parar para ver cinema
Greenaway tem razão: grande parte do cinema ocidental é demasiado verborreico. Tem texto a mais a impor-se à imagem. Poucas vezes se verifica o contrário. O povo é entretido com guiões romanceados ilustrados com fotografias em movimento.
O cinema (não confundir com filmes produzidos a martelo ou golpe marcial) que nos tem chegado do Oriente tem reposto uma certa, e refrescante, primazia da imagem.
Um exemplo recente é Ferro 3, do sul-coreano Kim Ki-duk. Passou discretamente nas salas e chegou há pouco tempo a DVD. Dois jovens invulgares conhecem-se, apaixonam-se, vivem uma vida estranha, quase sem proferirem uma palavra.
É um cinema sibilino. Vive do pequeno gesto, do toque à superfície, da eloquência do olhar, da placidez dos rostos. Deixa-nos um espaço amplo para a construção das personagens, que ora nos parecem vazias de sentido, ora nos fazem adivinhar um complexidade psicológica muito pouco óbvia. Permite-nos, para além disso, saborear a fotografia, o enquadramento, a cor, o contraste, a profundidade.
Em certo sentido, estamos perante um cinema purificador. Como o que Wong Kar-Wai, de Hong Kong, faz, de forma tocante, em Disponível para Amar.
Numa época de ditadura da actualidade, de urgência sem demora do "já e agora", de juventude hiperactiva e multitarefeira, de civilização "fast tudo", de cultura visual Playstation, às vezes, e parafraseando aquele anúncio da Becel, é bom parar, escutar o coração e ver filmes destes.
Em certo sentido, estamos perante um cinema purificador. Como o que Wong Kar-Wai, de Hong Kong, faz, de forma tocante, em Disponível para Amar.
Numa época de ditadura da actualidade, de urgência sem demora do "já e agora", de juventude hiperactiva e multitarefeira, de civilização "fast tudo", de cultura visual Playstation, às vezes, e parafraseando aquele anúncio da Becel, é bom parar, escutar o coração e ver filmes destes.
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