junho 27, 2006

De olhares: Aldo Moro, por outro lado

Em Bom Dia, Noite, Marco Bellocchio mergulha, em jeito de teatro filmado, na intimidade de um dos episódios mais tristes da Itália dos anos 70: o rapto e assassínio do ex-primeiro-ministro Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas.

Bellocchio dá-nos a ver um Moro em cativeiro profundamente humanista e cristão, ao mesmo tempo que pinta com tintas fortes, quase caricaturais, o argumentário básico das utopias revolucionárias dos brigadistas, para quem os mais "altos interesses" do proletariado justificavam qualquer morte ou assassínio.

Chiara - afinal, a personagem principal - é a única que ao longo do filme desliza das cegas certezas revolucionárias, que extrai de leituras de Marx e Engels, para o degelo da dúvida e da sensibilidade. Vemo-la chorar quando ouve Moro ler uma carta em voz alta. Diz que é de raiva, mas nós, deste lado do ecrã, sabemos que está a mentir.

Num sonho final, Chiara liberta Moro, enquanto os restantes membros das Brigadas dormem. Vemos Moro a passear na rua, com um ar de quem vai partir de novo para a vida. Mas, como se sabe, o fim foi de pesadelo.

O filme, escrito pelo próprio realizador, ganhou o prémio de melhor contribuição artística individual pelo argumento no Festival de Veneza, em 2003. O melhor da música dos Pink Floyd lá aparece como banda sonora.

junho 22, 2006

Travessias Digitais

No Travessias Digitais, o meu blogue temático, tenho falado de novidades em ciberjornais, na febre da chamada Web 2.0, na concentração dos media e em problemas que afectam o jornalismo português.

junho 21, 2006

Estrangeirismos and so on

Os linguistas portugueses deviam inventar, rapidamente e em força, um mata-moscas para dar cabo de umas melgas que andam por aí a enxamear o português preguiçoso:

"product placement", "project finance", "happy slapping", "news center", "car wash", "health center", "share" de não sei quantos por cento, "body building", "franchising", "cluster", "step", "fitness", "body combat", "body balance", "kickboxing", "Arrabida Place", "body pump", "personal training" (os ginásios abusam que se fartam), "downsizing", and so on.

junho 20, 2006

O mestre só

«Ensinar sem uma grave apreensão, sem uma reverência perturbada pelos riscos envolvidos, é uma frivolidade. Fazê-lo sem considerar as possíveis consequências individuais e sociais é cegueira. O grande ensino é aquele que desperta dúvidas, que encoraja a dissidência, que prepara o aluno para a partida («Agora deixa-me», ordena Zaratustra). No final, um verdadeiro Mestre deve estar só.»

George Steiner, As Lições dos Mestres

junho 11, 2006

Sakamoto: reaprender a ouvir

«No nosso estilo de vida a música é mais um produto de consumo. O excesso de música faz com que estabeleçamos com ela uma relação de quase indiferença. Pelo excesso, nivelamo-la de igual forma - a boa e a medíocre. Precisamos de silêncio (...) Temos de reaprender a ouvir. Saber estar no silêncio, é o princípio.»

Ryuichi Sakamoto

junho 08, 2006

Flash deslumbrante

Música e voz de Antony. Animação, em Flash, de Adam Shecter. Temas: The Lake e Mistery of Love.

Quem, depois de ver e ouvir isto, disser mal da Web e dessas "modernices" da "Intermete", leva!

junho 03, 2006

Google Video com Sonny Rollins

O vídeo vai dando passos largos na Web. Os formatos diversificam-se, a oferta expande-se e até os solavancos nas imagens estão menos penosos.

Num dos passeios pelo ciberespaço, encontrei, no Google Video, um interessantíssimo mini-documentário (um trabalho em Flash), com a duração de dez minutos, sobre o lançamento do próximo álbum do colosso do saxofone Sonny Rollins:

junho 02, 2006

Um dia de cão

Muitos dos nossos iluminados deputados passam toda a legislatura em ambiente de silly season. Mas, quando a época balnear começa, a perturbação agrava-se. Pior agora, que andam todos desvairados com a selecção. Vai daí, sai disto:

«O PSD apresentou um projecto de resolução que visa a instituição de um "dia nacional do cão"

Vossas Excelências querem mesmo ser levadas a sério?